
quem és tu?
Eu me chamo Chaiana Furtado e nasci no Rio de Janeiro, no Brasil, mais especificamente em Olaria, ali perto do Largo das 5 Bocas, e tenho toda a minha família e minha massinha de modelar parida na Vila da Penha, subúrbio carioca.
Tenho acumulado papel, colecionado cadernos, criado histórias e inventado personagens desde pequena. Começou apenas como interação com os meus brinquedos, exercícios de escola; surgiram os traumas, demasiados sentimentos e as distrações imaginativas de uma menina nada introspectiva que fizeram tudo virar história.
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Ainda na infância, por gostar muito de desenhos animados e histórias em quadrinhos, comecei a filmar minhas próprias narrativas com a filmadora VHS das festas de família, a tirar selfies adiantando a tendência, quando nem era ainda moda no quarto. Perdão, mãe, que ia revelar os filmes e só tinha eu, eu, eu, eu nas poses de carão programadas por enquadramentos com o timer da máquina, acabando com os negativos e o dinheiro da família. A memória desses dias ainda sou eu, embora às vezes olhe as fotos e fique: "DEUSAS, como eu pude!" Mas eu amo essas caixinhas de flashes de eu!
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Na adolescência, graças a um projeto na escola de arte e educação, me apaixonei pelo cinema. Logo iria aprender a produzir filmes e tornar isso minha profissão. Levei esse gosto um pouco mais longe e me formei na faculdade de Cinema na PUC-Rio, mas como eu era uma grande medrosa de não ter emprego (e cinema dá futuro, minha filha?), nessa mesma época fazia faculdade de Geografia na UFRJ e estagiava num núcleo de tecnologias educacionais na EPSJV da Fiocruz, minha querida e amada nesse momento, ex-escola. Com esse bichinho da vontade de saber mais e misturar arte e educação, fiz outro vestibular e, anos depois, cursei Pedagogia na UFRJ. Uma exaustão de vivências que iriam me ajudar a completar minha cartografia pessoal. Ainda bem que eu era jovem e que sonho alimenta. Porque, embora digam que é possível, trabalhar e estudar em duas faculdades foi excessivo, mesmo para uma juventude saudável.
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Os anos passaram, fui descobrindo não só que a Zona Sul do Rio de Janeiro existia, que Leblon era longe, mas mais perto do que eu pensava vendo as novelas. Descobri novas pessoas, até teatro eu conheci – e o mundo foi crescendo, se esticando – meus sonhos foram abraçados com muitas horas extras de sets de filmagens e dores musculares. Me inscrevi na escola de cinema de Cuba para estudar produção executiva e a América Latina sorriu nos meus poros. Questionando sobre linhas imaginárias, fui desvendar como os gringos conseguiam financiar seus projetos e fui cursar meu mestrado em Negócios Criativos pela NFTS na Inglaterra. Para conseguir estudar, fui vendedora em uma banquinha de doces portugueses e minha chefe pedia para eu falar que era portuguesa e inventasse as histórias dos doces. E eu fazia. Já era um recado do universo que, no futuro, eu de fato iria para Portugal e seguiria inventando histórias.
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Já em Lisboa, ingressei numa nova fase, um doutoramento, mais desejos, outras navegações. Produzir música, que novidade! Um festival de música. Eu amei. Em meio a todo esse percurso, o gosto pelos livros segue pulsando. E mesclo as interseções sobre como contar histórias por diferentes narrativas cada vez mais. O cinema é para mim a arte de transformar palavras em imagens e sons, um baile espiral. E eu sou uma apaixonada pela palavra. Ela me salvou diversas vezes. Palavras têm o poder curativo – é o guia – de algumas das artes que mais me emocionam. "Cada palavra carrega um coração" – está lá escrito no meu livro-guia favorito da CL.
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Hoje desenvolvo projetos colaborativos, ajudo artistas em suas travessias criativas, dou consultoria estratégica, escrevo projetos, capto recursos – tudo com diversidade nas mãos para pulsar diferentes corações e escrever, desenhar, ver juntos as ideias ganharem estrutura e chão. Acredito na frase que minha parceira de sonhos, Paulinha Horta, sempre me falava: que histórias mudam pessoas e pessoas mudam o mundo. E tudo que queremos é a transformação. A transformação da sociedade tem uma vertente essencialmente cultural.
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A minha revolução pessoal teve.
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Acredito no que ocorreu comigo. Vivo meus processos de forma coletiva, hoje escrevendo toda semana uma newsletter sobre processo criativo que também é podcast. Fica tudo meio exposto, transparente e em busca sempre de troca e colaboração.
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A arte é o alavanca para trazer vozes de pessoas silenciadas. E vamos acabar com esse silêncio e disputar ideias. É para isso que me coloco no mundo: ajudo artistas a construírem seus projetos artísticos, pensando da ideia até a execução, passando pela gestão dos recursos. E recursos geralmente são muito mais do que nos fizeram acreditar.
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Democratizar a produção virou uma missão que tenho desenvolvido essa pulsão no projeto Se Organiza, Artista! Que nasceu em maio de 2024 e espero que evolua em espiral para prosperar oportunidades e estruturas para as artistas que estiverem, como eu, disponíveis a vivenciarem o processo de forma vunerável e persistente.
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E ai, bora se organizar?